Fonologia do Grego Antigo

 

Fonologia do grego antigo refere-se a reconstrução da fonologia ou pronúncia do grego antigo. Este artigo trata principalmente da pronúncia padrão do dialeto ático falado no século V a.C, utilizado por Platão e outros escritores gregos clássicos, mas menciona outros dialetos falados no mesmo período ou antes. A pronúncia do grego antigo não é conhecida por observação direta, mas sim determinada por outros tipos de evidência. Alguns detalhes acerca da pronúncia do grego ático e outros dialetos do grego antigo são desconhecidos, mas em geral é aceito que o ático possui certas características não presentes em português ou grego moderno, como a distinção entre oclusivas sonoras, surdas, e aspiradas (tais como /b p pʰ/), distinção entre consoantes simples e duplas e entre vogais longas e curtasna maioria das posições em uma palavra, além de um acento baseado em tons, ao invés de intensidade.

O grego koiné, a variante do grego utilizada após as conquistas de Alexandre, o Grande no século IV a.C., é por vezes considerada como "Grego Antigo", mas sua pronúncia é descrita em fonologia do grego koiné.

Distribuição dos dialetos gregos no período clássico.[1]
Grupo ocidental: Grupo central: Grupo oriental:
  ático
  aqueu


O grego antigo era uma língua pluricêntrica, composto por vários dialetos. Todos os dialetos do grego derivam do protogrego e partilham tanto características em comum quanto diferenças na pronúncia. O dialeto dórico, por exemplo, utilizado em Creta possuía o dígrafo ⟨θθ⟩, que provavelmente consistia em um som não presente em ático[2]. A forma mais primitiva de jônico, na qual a Ilíada e Odisseia foram compostas (grego homérico) e o dialeto eólico de Safo, provavelmente possuíam o fonema /w/ no início de certas palavras, por vezes representado pela letra digammaϝ⟩, mas que foi perdido no dialeto ático padrão.[3]


A natureza pluricêntrica do grego antigo o difere do latim, uma vez que este era composto basicamente de uma única variedade desde os textos do latim antigo até o período do latim clássico. O latim apenas deu origem a dialetos diferentes quando se espalhou pela Europa, por meio das expansões do Império Romano. Estes dialetos do latim vulgar mais tarde originariam as línguas românicas.[2]

O principais dialetos do grego antigo são o arcadocipriota, eólico, dórico, jônico e ático. Estes formam dois grupos principais: grego oriental, que inclui arcadocipriota, eólico, jônico e ático, e grego ocidental, composto pelos dialetos dórico, grego do noroeste e aqueu.[4][5]

Todos os dialetos principais, com exceção do arcadocipriota, possuem textos literários. Os dialetos literários do grego antigo não necessariamente representam a pronúncia nativa dos autores que os utilizavam. Um dialeto primariamente jônico-eólico, por exemplo, é usado na poesia épica, enquanto ático puro é usado na poesia lírica. Tanto o ático quanto o jônico são utilizados em prosa, e ático é usado na maior parte das tragédias atenienses, enquanto o dialeto dórico é utilizado nas seções corais.

  1. Roger D. Woodard (2008), "Greek dialects", em: The Ancient Languages of Europe, ed. R. D. Woodard, Cambridge: Cambridge University Press, p. 51.
  2. a b Allen 1987, introduction: dialectal nature of Greek, pp. xii-xvi
  3. Allen 1987, pp. 48–51
  4. Sihler 1995, §12-15: history of Greek, dialects and their use, pp. 7–12
  5. Smyth 1920, §C-E: Greek dialects, their characteristics, the regions they occurred in, and their use in literature

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